Após duas perdas gestacionais, em 2013 e 2018, havia decidido que minha missão de gestar e parir estava encerrada. Aceitei essa realidade e mergulhei em outra jornada: a de apoiar mulheres como doula, ajudando-as a vivenciarem partos respeitosos e cheios de amor. Foi nesse percurso que conheci a EO Raquel Colaço, cujo brilho nos olhos e profundo conhecimento me inspiraram profundamente.
Brincando, cheguei a dizer: “Não quero mais engravidar, mas, se acontecer, quero você comigo e quero um parto domiciliar”. Mal sabia eu que a vida tinha outros planos.
Em fevereiro de 2021, em meio à pandemia, ao término de uma nova experiência profissional e no centro das incertezas sobre as perdas anteriores, descobri que estava grávida novamente. Foi um misto de medo e esperança, acompanhado pela suspeita de trombofilia que rondava minha mente. Porém, à medida que a gestação evoluía, percebi que estava diante de uma gravidez de risco habitual e que, sim, meu sonho de um parto domiciliar planejado poderia se tornar realidade.
Conversei com o Everson, meu marido, e ele me apoiou. Entramos em contato com a Raquel e sua equipe, que confirmou disponibilidade para nossa data provável de parto. A partir desse momento, uma paz indescritível tomou conta de mim.
Preparação virou nossa palavra de ordem. Estudei mais sobre partos domiciliares, assisti a vídeos e compartilhei cada descoberta com o Everson, que mergulhou de cabeça na ideia. Entre travesseiros e capas impermeáveis no colchão e no sofá, aguardávamos ansiosamente o momento tão sonhado.
Na sexta-feira, 29 de outubro, aniversário do Everson, tudo começou. Contrações mais intensas me surpreenderam ainda na cama. Pensando que poderia ser apenas mais um falso alarme, fui para o chuveiro, mas a água quente não aliviou as dores. Logo, percebi que as contrações estavam ritmadas, frequentes, e já não encontrava posição que trouxesse conforto.
Entre vocalizações e massagens, as contrações ficaram tão intensas que pedi ao Everson para chamar a equipe. Ana Rita, a primeira a chegar, confirmou que tudo estava bem comigo e com a bebê. Saber disso trouxe alívio e coragem. Às 10h45, descobri que estava com 8 para 9 cm de dilatação — o momento estava próximo.
Raquel chegou com sua tranquilidade acolhedora, trazendo uma bolsa térmica e óleos essenciais que ajudaram a aliviar a tensão. Enquanto isso, eu alternava posições, buscando instintivamente o melhor lugar para acolher minha filha.
Quando os puxos se intensificaram, encontrei meu lugar no sofá. Meu corpo sabia exatamente o que fazer. Com cada contração, senti a aproximação do momento. Quando o círculo de fogo chegou, Raquel perguntou se eu queria sentir a cabecinha da Ohanna. Toquei-a e, na contração seguinte, ela nasceu.
Ohanna veio ao mundo às 11h57, no dia do aniversário do pai, com 50 cm e 3,190 kg. Cheia de vérnix, calma e serena, foi direto para os meus braços. Aquele encontro foi mágico, indescritível.
Ohanna me permitiu vivenciar o parto dos meus sonhos, trazendo significado e amor após perdas difíceis. O privilégio de recebê-la com respeito, calma e segurança em nossa casa é algo que sempre guardarei no coração.
A experiência do parto domiciliar me mostrou a força da preparação, do apoio e do poder do corpo feminino. Para mim, foi um renascimento — como mãe, mulher e como alguém que encontrou na maternidade um propósito transformador.
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